Universidade Aberta
5º Curso de Mestrado em Gestão da Informação e Bibliotecas Escolares
Prof. Lúcia Amante e Prof. Mª João Silva

Reflexão final

     Embora, no início do semestre, tivesse hesitado entre as duas opções possíveis, congratulo-me pela escolha que fiz – Media Digitais e Socialização, por algumas razões:


  • Os recursos estudados melhoraram muito o meu conhecimento sobre literacia digital!

    • As conclusões a que chegámos em conjunto, através dos fóruns, abriram-me horizontes para a implementação de trabalho colaborativo com outros docentes na BE.

      • As aprendizagens realizadas, ao longo da unidade, facilitaram-me o trabalho da última actividade da disciplina de Educação na Sociedade Actual.

        • A construção deste portfólio em formato blogue, no final, obrigou-me não só a arrumar as ideias e os materiais mas também a reflectir sobre uma situação que ocorre diariamente nas nossas BEs – a influência e potencialidades dos media digitais nos processos de ensino – aprendizagem e de construção da identidade dos adolescentes!

        • Como tinha pouca experiência na construção de blogues (este foi o 2º que fiz), descobri novas potencialidades àcerca desta ferramenta digital.
             O único constrangimento que senti (que fui ultrapassado com o treino) foi idêntico em todas as outras unidades curriculares do curso – estudo de textos em Inglês. Esta dificuldade atenuou-se com o trabalho colaborativo que marcou toda a metodologia desta disciplina. Igualmente pertinentes me pareceram as chamadas de atenção, mais ou menos individualizadas, da Professora Mª João face ao ritmo e aos resultados dos nossos trabalhos.

             Termino o semestre um pouco mais fascinada por este “admirável mundo dos media” que habitualmente percorria com uma perspectiva utilitária…

Glossário

     Proposta pela Professora, logo no início dos trabalhos da unidade, a construção deste glossário revelou-se muito útil para quem, como eu, desconhecia grande parte dos termos mencionados ou tinha uma definição inacabada de muitos outros. O documento final revelou-se de grande oportunidade como material de consulta e de possível difusão nas nossas bibliotecas.
     Apraz-me ainda comentar que o tempo dado para a execução da tarefa foi suficiente e que a metodologia indicada foi facilitadora.

Glossário

Análise de Marcas Identitárias em Sites Sociais de Jovens

     Terminámos os nossos trabalhos nesta unidade curricular com a construção de uma grelha de análise de um site social de jovens. O meu grupo escolheu para análise 6 sites de jovens alojados no Facebook. Segue-se a grelha e as conclusões que retirámos.



     Destaco esta breve intervenção da Isabel, brilhantemente ilustrada, sobre a nova realidade emergente dos nossos dias - os amigos virtuais!

Gostei de ler as vossas apreciações à análise que fizemos e li com muito agrado um pensador que desconhecia.
É com satisfação que constato o facto de ambos continuarem a ver e a acreditar nas relações sociais dos nossos jovens offline, já que no ambiente virtual tudo se afigura sem consistência, efémero e até icónico.
No fim, considero que eles, tal como nós, sentem a falta da presença física, dos afectos, do calor humano nas relações de amizade.
Os tempos mudam mas a alma humana e as suas necessidades e aspirações mantêm-se, felizmente! Neste aspecto, não são apanhados na rede...!
Isabel Trabucho



     Por dar uma breve mas abrangente visão sobre as redes sociais online, transcrevo a pesquisa que coloquei no fórum.

     Ainda sobre a importância das redes sociais, gostaria de acrescentar que, ao fazer uma rápida pesquisa no nosso pequeno glossário, encontramos 4 termos que se lhes referem:
Cyberbullying - Redes sociais da Internet […] têm servido para desvirtuar a realidade pondo em causa a intimidade e a reputação.
Digital dossier - compilação de toda a espécie de informação coligida e guardada em suporte digital […] colocados em redes sociais ou outras.
Personalization (Customization) - A capacidade de um utilizador de alterar, adicionar ou remover funcionalidades nas páginas pessoais de plataformas das redes sociais para se adaptar ao seu gosto.
WEB 2.0 - Web 2.0 é um termo criado para designar uma segunda geração de comunidades e serviços,[…] envolvendo wikis, aplicações baseadas em folksonomia, redes sociais […]. A Web 2.0 pode ser definida como uma nova atitude e uma nova forma das pessoas se relacionarem com a Internet.

Reflexão:
     Embora os sites dos jovens portugueses não correspondam às minhas expectativas, gostei particularmente desta actividade que me permitiu conhecer alguns conteúdos que eles constroem online.

Media Digitais e Construção da Identidade Social

     Para a realização desta actividade, formámos 4 pequenos grupos de trabalho. Cada grupo analisou um documento cuja síntese colocou no fórum para apresentação à turma e posterior discussão.
     Esta foi a síntese feita pelo meu grupo:
Actividades sociais e desenvolvimento da identidade nos jovens
Síntese do texto 3: Why youth  Social network sites:
    The role of networked publics in teenage social life.
Danah Boyd
University of California, Berkeley, School of Information
Apresentação do estudo e objectivos do mesmo


     A autora inicia o seu trabalho citando o que um jovem de 18 anos disse à sua mãe: «Se você não está no MySpace, não existe».
     Outra jovem de 13 anos afirma que não sendo popular na escola, coloca no Xanga[1] as suas fotografias e relata as suas viagens, pensando que os colegas da escola ao lerem o seu blogue, se tiverem os mesmos interesses, poderão vir a ser seus amigos.
     Conforme salienta a autora, desde 2005 que as redes sociais on-line como MySpace e Facebook são frequentadas pelos jovens. Em 2006, muitos jovens já consideravam fundamental a participação nestes sítios para se afirmarem na escola.
     Dado o grande número de jovens que rapidamente e por vários países aderiu a estes sítios, Boyd (2008) coloca as seguintes questões, às quais pretende responder ao longo do trabalho:
Why do teenagers flock to these sites?
What are they expressing on them?
How do these sites fit into their lives?
What are they learning from their participation?
Are these online activities like face-to-face friendships or are they different, or complementary?
     Podemos então dizer que a autora teve como principais objectivos:
- desvendar as formas mais comuns à vida social on-line dos jovens de hoje;
- relacionar o uso dos sites de redes sociais com o processo de construção da identidade nos jovens.
     Boyd (2008) começa por documentar as principais características dos sítios de redes sociais; depois procura situar as redes sociais numa discussão mais ampla que chama de "networked publics": como é que os adolescentes desenvolvem a sua identidade através da criação de perfis nas redes sociais em que se inscrevem e dão corpo à sua comunidade. Nestas redes sociais online, Boyd identifica propriedades que não estão normalmente presentes nas situações de cara-a-cara da vida real. Reflecte ainda sobre a evolução social que leva os jovens a procurar grupos em rede e na mudança do papel que o grupo tem na vida dos jovens.
     Este estudo é baseado na recolha de dados etnográficos, efectuada durante dois anos sobre o envolvimento de jovens norte-americanos no MySpace. Os dados foram recolhidos através da observação, tanto on-line como off-line e de entrevistas a jovens citadinos (diferindo na idade, sexo, raça, sexualidade, religião, etnia e classe sócio-económica) com idades entre os 14 e os 18 anos. A autora analisou os perfis, os blogues e os comentários dos jovens, alguns já não frequentando o ensino. Seleccionou o MySpace devido à sua popularidade.


Principais resultados
     Os que não aderem ao MySpace — Boyd identifica dois tipos de não participantes: os que não têm acesso à Internet e os que são objectores conscientes. No primeiro caso, são jovens cujos pais os dissuadiram de participar nos “sítios” ou que acedem à Internet em espaços onde é interdito o acesso a redes sociais. No segundo caso, estão os jovens que protestam contra a própria empresa do MySpace, que obedecem aos pais por respeito ou por concordância, os marginalizados, e os que se sentem superiores não necessitando de se afirmar através destas redes. Contudo, alguns amigos dos não participantes criam-lhes perfis… Muitos alunos do ensino superior não participam já destas comunidades online.

     Condicionantes no acesso — Boyd verificou que a raça e a classe social tinham um papel irrelevante relativamente aos jovens que não têm acesso à Internet em casa. A diferença está nos objectivos com que a utilizam e nas facilidades de acesso a esta. Os que apenas acedem à rede nas escolas, fazem-no principalmente como um meio de comunicação assíncrona. Os que podem aceder à rede durante a noite, passam mais tempo a navegar na Net, dedicando tempo a modificar o seu perfil, a convidar amigos e a falar com desconhecidos. O género também influencia a forma de participação nas redes sociais: os rapazes mais novos participam mais do que as raparigas. Mas as raparigas mais velhas participam mais do que os rapazes mais velhos. Estes usam os sítios para namoriscar e conhecer novas pessoas. As raparigas mais velhas procuram comunicar com os amigos que conhecem pessoalmente. Apesar da idade ser importante o estudo apresenta resultados comuns aos jovens dos dois sexos.
     A presença de bandas de música do agrado dos jovens numa rede social, aumenta muito o número de utilizadores do site.
     A crescente importância das redes sociais, pode também explicar-se, segundo a autora, pelo excesso de protecção que leva muitas famílias americanas a promover a ocupação excessiva dos tempos livres dos filhos e a restringir cada vez mais o acesso destes a locais públicos de diversão.
     O emergir das redes sociais — Inicialmente o programa destinava-se à promoção de encontros através da pesquisa de perfis. Algumas bandas musicais aproveitaram o MySpace para se autopromoverem. Muitos jovens começaram a fazer downloads das músicas e começou assim a troca de informações entre os fans e as bandas.

Características das redes sociais — A estrutura destes “sítios” é semelhante e contem frequentemente os seguintes elementos: perfis, comentários, publicidade articulada, listas transversais de amigos. O aspecto fundamental é a partilha com os amigos, numa forma de conversa, de ideias, fotos, vídeos, etc. É muito importante o número de amigos que cada um apresenta aos outros: “You are who you know”, chegando a verificar-se reacções de ciúme por causa do “Top Friends” (lugar de destaque com selecção dos melhores amigos).


O público — A autora define vários tipos de públicos, distingue privado de público, e o que é apenas mediático (TV, rádio, etc.). Nas redes sociais juntam-se vários públicos, mas há perfis que se podem manter privados (só para os amigos). As “postagens” perduram mais que as notícias da TV ou dos jornais, e as audiências podem ser invisíveis.
Propriedades do público das redes sociais: a persistência (fica registado para a posteridade); capacidade de pesquisa (podem encontrar amigos); réplica (copiar e colar é possível, sem se saber qual era o original); e audiências invisíveis. Estas propriedades vieram alterar a dinâmica social entre os jovens.
     O público das redes sociais poderia, eventualmente, agregar todas as pessoas em qualquer lugar a qualquer hora. Na realidade isto não poderá acontecer porque as pessoas seleccionam os seus amigos.


Funcionamento e assuntos da rede — Ao contrário dos adultos que gostam de conhecer estranhos on-line, os “Teen” preferem, à partida, estabelecer contacto com pessoas que já conhecem pessoalmente ou com celebridades, mas por hábito falam de assuntos triviais das suas vidas privadas (agora tornadas públicas).
Conclusões


«MySpace is the civil society of teenage culture: whether one is for it or against it, everyone knows the site and has an opinion about it» (Boyd, 2008, p. 124).
Identidade — Apesar da ausência da expressão corporal, a identidade social manifesta-se no MySpace através do corpo digital/ perfil que o adolescente auto-constrói com texto ou imagens que dão de si informações, mesmo quando as queira disfarçar; deste modo o adolescente expressa aspectos da sua identidade para outros verem e interpretarem. Normalmente os jovens colocam no seu perfil, traços da sua personalidade e da sua vida que pensam ser do agrado do seu grupo on-line.


     Os “Teens” amadurecem através do acesso a estes grupos on-line. A vida do grupo pode ser divulgada e julgada por outros que não fazem parte dele. A identidade do jovem vai sendo formada, parcialmente, por ele e pelos outros.


Privacidade — Está um pouco na mão de cada um defini-la on-line restringindo o acesso do seu perfil ao seu grupo; esta questão é importante para os “Teens” que tentam assim iludir o controlo dos pais mais cibernautas. No entanto, nunca os “Teen” foram tão famosos nem tiveram tanta vida pública, marcada pela persistência, pesquisa, replicação e público!


Socialização — Consiste basicamente em interpretar as “pistas” sociais dos outros aos quais adaptamos o nosso comportamento: este processo, que faz parte da construção da identidade pessoal, também se verifica on-line através do corpo /presença virtual. Perante o grupo que escolhe, de amigos e de pares, com gostos e atitudes idênticas às suas (segundo crê o adolescente…), ele quer parecer “fixe” e este é um conceito que funciona na rede virtual ou fora dela.
     “Online, everyone is famous to fifteen people” – este comentário que circula na rede, de origem desconhecida remete para a popularidade que alicia os jovens e justifica, até certo ponto a sua atracção pelas redes sociais – cada um imagina o seu grupo à medida dos seus desejos (grupo de fans, de amigos íntimos…). Este processo é bem conhecido dos artistas e escritores que, antes da Net, eram os únicos a ter uma vida pública.
     É em casa ou na escola, locais “controlados” pelos adultos que os jovens encontram, através da Net, contactos sem restrições; deste modo, socializam menos na vida real e mais no espaço virtual.


Reacção dos adultos — As redes sociais trouxeram mudanças muito rápidas e visíveis na vida pública, bem como diversos perigos para os jovens, oriundos dos “predadores” que circulam por esses “sites”. A tendência de muitos pais é restringir o acesso dos filhos às redes, o que segundo a autora é contraproducente, pois quando os pais acedem à rede e lhes descobrem o perfil, facilmente os jovens criam um outro com diferentes traços. O caminho do adulto deve ir no sentido de aprender também a navegar na rede de modo a poder ajudar o adolescente, mais como guia e menos como polícia, na descoberta do mundo adulto


Desvios na utilização — As coisas podem complicar-se quando os “Teen” criam falsos perfis: pais, professores, alter-ego…


Cultura digital — As consequências de uma cultura criada através das redes sociais on-line ainda são desconhecidas. Ficarão os jovens mais habilitados a lidar com a diversidade e com a bisbilhotice?...
Notas:


[1] Xanga is a community where you can start your own free weblog, share photos and videos, and meet new friends too! Xanga.com – the blogging community.
Xanga (pronounced /ˈzæŋə/) is a website that hosts weblogs, photoblogs, and social networking profiles. It is operated by Xanga.com, Inc., based in New York City. Acedido em 24 de Novembro de 2009 em http://en.wikipedia.org/wiki/Xanga
Referências bibliográficas:


Boyd, Danah. (2008). Why Youth  Social Network Sites: The Role of Networked Publics in Teenage Social Life. In Youth, Identity, and Digital Media: 119-142.

 
     Escolhi uma intervenção sobre a utilização de canais periféricos como estratégia de aprendizagem, por tal ser uma novidade para mim. Optei pela intervenção da Raquel por ela sistematizar, em meu entender, as potencialidades e dificuldades de tal ferramenta em espaço de aula.

     A problemática abordada neste estudo é cada vez mais pertinente, uma vez que tendencialmente caminhamos para um tipo de ensino/aprendizagem que vai colocar o aluno e o processo de aprendizagem no cerne da questão, possivelmente, cada vez mais com recurso ao ensino à distãncia, como estamos neste momento a fazer.
     Desconhecia a utilização destes canais periféricos na sala de aula, mas encontrei bastantes vantagens na utilização de uma tecnologia deste género, das quais destaco a partilha do saber colectivo, a possibilidade de desenvolver o poder argumentativo, no fundo a possibilidade de poder transformar a aprendizagem num processo activo.
     A sua utilização, porém, como é referido no artigo, deve obedecer a um conjunto de regras sob pena de a mesma tecnologia poder ser mais um motivo de distracção e transgressão por parte dos alunos.
     Consigo imaginar uma aula expositiva num anfiteatro universitário, dirigida a uma centena de alunos e o recurso a esta ferramenta em simultâneo. Parece-me que com um público mais adulto e mais responsável talvez a experiência seja muito positiva. Não dispensaria, contudo, a figura do professor acompanhante, gestor das interacções.
     Parece-me mais complicada a sua utilização com alunos do ensino básico, onde a tentativa para a transgressão pode ser maior. Porém, só experimentando com algumas turmas poderíamos chegar a alguma conclusão mais fidedigna.
     Acredito que a tecnologia vai cada vez com mais naturalidade fazer parte da forma como vivemos, estudamos, trabalhamos. Portanto, é natural que daqui a alguns anos o recurso aos canais periféricos seja uma realidade. É possível também que passado algum tempo de deslumbramanto com as tecnologias, as pessoas comecem a reflectir mais aprofundadamente sobre as vantagens e desvantagens das mesmas.
     Pessoalmente, sou fã de novas formas de aprendizagem que incluam novas tecnologias, embora não seja, de forma alguma, uma perita em nenhuma delas. Mas às vezes dou comigo a pensar se o ritmo acelerado a que tudo se passa é compatível com o ritmo de assimilação de novas aprendizagens/ de conhecimento.
     Enfim, reflexões...
Raquel

     Seleccionei a intervenção da Helena por ela problematizar a utilização dos novos media em contexto de aula, nomeadamente dos quadros interactivos. A morosidade na utilização, motivada pela falta de formação e treino, pode ser um sério obstáculo à generalização dos recursos multimédia…

     A utilização desta ferramenta nas salas de aula parece-me muito útil em situações de debate (os alunos não precisam de estar à espera, os mais tímidos podem cooperar com mais à vontade, todos podem participar) e até de desenvolvimento da escrita e da leitura (alguns não ouvem as participações orais, mas para escrever/ responder terão que as ler).
     Como foi muito bem apontado no resumo, terão que ser elaboradas as regras de funcionamento dos chats. Apesar de alguns constrangimentos, se o professor tiver formações na área, as vantagens (apontadas no resumo) serão visíveis na aprendizagem dos alunos.
     Estou em formação na área dos quadros interactivos. De momento só vejo horas e horas de trabalho para os professores conhecerem todas as ferramentas e a forma como as poderão utilizar, para além das muitas horas que são necessárias para a elaboração das actividades. Mas quer os professores da formação, quer alguns alunos (principalmente os mais velhos) parecem não ver ainda uma grande diferença na utilização dos quadros interactivos, a não ser que todos os alunos, simultaneamente possam estar a realizar, cada um no seu lugar, as actividades. O ficar à espera da sua vez para ir ao quadro só prende a concentração nos primeiros minutos, depois a atenção é desviada para as “coisinhas do costume”. Os alunos, como já foi dito noutros temas, querem estar sempre a mexer a fazer algo, e os chats podem servir para as duas coisas: atenção aos assuntos em discussão e a utilização de uma ferramenta que sempre os atraiu.
por Helena Sampaio
Reflexão:
     Esta actividade  permitiu aprofundar questões já abordadas anteriormente sobre a utilização pedagógico-didáctica dos media digitais e ainda a sua influência na construção da identidade dos jovens:
• O recente aumento de conteúdos juvenis online e o seu significado;
• As potencialidades e riscos da utilização de um canal periférico /“sala de chat” no espaço de aula;
• Os meios de comunicação digital e as novas tecnologias versus “relação de poder” entre os estudantes/jovens e os professores/adultos;
• A vida social online dos jovens e o contributo das redes sociais para a construção da identidade durante a adolescência.
     Através do debate, pudemos ainda constatar a diferença entre a maioria dos jovens que frequentam as escolas portuguesas e os que são referidos pelos autores dos textos estudados.

Identidade Social na Adolescência

Partindo do estudo individual de três recursos diferentes...

Huffaker, D.; Calvert, S. (2008). Gender, Identity and Language Use in Teenage Blogs. In Journal of
      Computater-Mediated Comunication, 10 (2), article 1.
Schmitt, K.; Dayanim, S.; & Matthias, S. (2008). Personal Homepage Construction as an Expression of
      Social Development. In Development Psychology, 44 (2), 496-506.
Schoen-Ferreira, T.; Aznar-Faria, M.; Silvares, E. (2003). A construção da identidade em adolescentes: 
     Um estudo exploratório. In Estudos de Psicologia, 8 (1), 107-115.

...  a turma discutiu no forum as características e o processo de construção da identidade dos adolescentes, considerando a influência dos media digitais neste processo.
 Optei por transcrever a minha 1ª intervenção por nela fazer uma síntese dos 3 documentos fornecidos para estudo.

     Da leitura que fizemos dos documentos indicados sobre o processo de construção da identidade durante a adolescência e sobre a relação estabelecida entre os adolescentes e o “computador”, registamos as seguintes conclusões por as considerarmos mais pertinentes:

- a atracção dos adolescentes por alguns programas e aplicações informáticas e ainda pela Net, pode explicar-se pelas características do próprio processo de crescimento que aqueles atravessam; a variedade e a multiplicidade de temas e de tarefas que o uso do computador oferece, vai de encontro às necessidades que os jovens sentem durante o estado de moratória onde questionam quase tudo sem conseguir ainda definir as suas escolhas; os problemas de comportamento que, muitas vezes, andam associados a esta fase, correspondem “ao período da crise, em que o adolescente está explorando as diversas possibilidades ao seu alcance” (1) – os programas de conversação, as redes sociais na Net, blogs, páginas e a própria Net abrem aos jovens um universo de novos valores, crenças e metas com os quais vai construindo a sua identidade / concepção de si mesmo; páginas pessoais e blogs, passíveis de serem vistas por toda a gente, permitem, por vias diferentes, um retrato do respectivo autor, controlado e semipermanente da representação de cada um para os outros (3);
     Da leitura que fizemos dos documentos indicados sobre o processo de construção da identidade durante a adolescência e sobre a relação estabelecida entre os adolescentes e o “computador”, registamos as seguintes conclusões por as considerarmos mais pertinentes:

- tomando em consideração os autores do texto citado, a formação da identidade recebe a influência de 3 factores: intrapessoais, interpessoais e culturais. Destacamos a importância que os blogs e homepages ou programas como o Hi5, Facebook, MSN ou ainda o mail podem ter ao nível da identificação do jovem com outras pessoas e da aquisição de valores sociais; certos factores inibidores na vida real como o corpo, sexo, raça, idade que podem ser fortemente constrangedores para o adolescente, perdem peso online no mundo virtual onde o jovem se auto-constrói (2); com frequência o jovem questiona-se sobre “quem sou eu?”, olhando para os outros; através de interacções com o computador, nomeadamente jogando, o adolescente experimenta o seu carácter (3); os programas de conversação proporcionam-lhe interacções semelhantes às da vida real;

- por um lado, os adolescentes “tendem a escolher amizades que sejam como eles próprios… associando-se a grupos que compartilham seus valores, atitudes e comportamentos” (vide 1) e as redes sociais na Net favorecem isto mesmo; as comunidades de bloggers tornam-se em grupos de amigos / pares, tão importantes durante a adolescência; os weblogs representam um novo meio de comunicação mediatizada e correspondem à necessidade dos jovens se expressarem e relacionarem o que tem impacto na construção da sua identidade (2). Por outro lado, alguns jovens aproveitam estes espaços para, ao abrigo de uma falsa identidade, travarem conhecimento com pessoas diferentes; como dizem Huffaker e Calvet (2), o adolescente constrói a sua identidade através do meio e gosta de assumir diferentes papéis e perspectivas, de modo brincalhão, para experimentar algo que poderá vir a ser; alguns jovens revelam desejo de socialização alternativa e gostam de fazer amigos online diferentes dos que têm na escola;

- se “cada contexto de desenvolvimento (família, escola, vizinhança, clubes) deve auxiliar a exploração e o compromisso, favorecendo o adolescente …” (1), parece-nos inegável a eficácia das novas tecnologias na aquisição de competências e valores! Contudo se “mudanças de contexto, podem implicar em mudanças na natureza da identidade” (1), há que se estar atento aos efeitos que podem ter sobre os jovens, os múltiplos contextos que a Net proporciona, transmissores de valores negativos ou não defensáveis em sociedades democráticas… “…torna-se necessário educar procurando valores comuns, universais e propor uma educação que considere a dignidade humana”. (1) Segundo alguns autores, a comunicação social e as novas tecnologias têm sobre o jovem, mais importância do que a família e a escola. Fica a esperança de que a Net equipe melhor os jovens a nível profissional e os eduque, para ale, de os ajudar a combater a depressão e isolamento que por vezes ocorre entre os adolescentes – esta é a mensagem dos autores do texto (3).

     Escolhi esta intervenção da Mª Brígida pela pertinência de que se reveste: as oportunidades e os perigos da Net para os jovens!

     Considero que a internet pode apresentar-se como uma oportunidade ou um perigo no processo de construção da identidade durante o período da adolescência.
     Através da internet os adolescentes partilham cada vez mais informação pessoal, expressam os seus sentimentos e intimidades, disponibilizam informação pessoal tal como o nome, a morada, a idade…
     É uma realidade recente que apresenta vantagens e desvantagens, com a qual os pais e professores têm de aprender a lidar.

Oportunidade:
     Estudos realizados revelam que: “(…) preadolescents and adolescents, for the first time in human history, are able to publish at will (expressing themselves publicly to a mass, but anonymous, audience). This new form of expression is private, occurring in children’s own time and space, and not only allows for mastery of technological and social skills, but also contributes to youths’identity development in a unique fashion. This kind of online publication could have a tremendous impact on development.” (1)
     Neste estudo, é mostrado que os adolescentes se tornam mais autónomos, mais extrovertidos, estabelecem relações ao explorarem a sua identidade via internet, criando páginas pessoais, blogues onde se apresentam física e psicologicamente, umas vezes revelando a verdade outras vezes mentindo sobre a idade ou o aspecto físico. Por brincadeira ou não, considero que esta situação pode ser perigosa, a título de exemplo partilho convosco a seguinte situação:
     Como lidar como uma situação em que se detecta uma aluna do 4º ano que no messenger é apanhada pela Professora Bibliotecária a falar com um individuo e a dizer que tem 18 anos?
Perigo:
     Como mãe de jovens com idade compreendidas entre os 13 e 16 anos e professora, considero que o facto dos adolescentes divulgarem a sua identidade online (nome, a idade, a morada), sentimentos e intimidades pode ser extremamente perigoso.
     O facto é que os jovens passam grande parte do seu tempo na Internet, aproximadamente 50m por dia ( Roberts, Foehr & Rideout, 2005). ( 1)
     Há duas actividades cuja popularidade tem vindo a aumentar: páginas pessoais e blogues. Enquanto nas páginas pessoais os adolescentes fazem uma breve apresentação, nos blogues fazem verdadeiras narrativas de vida, expondo não só a sua identidade mas também os seus sentimentos e intimidades, sobretudo as raparigas . Os blogues permitem ter um feeback e estabelecer relações.
     Mas, que tipo de relações? Relações com gente desconhecida? Amigos diferentes da escola, que conhecem nas comunidades sociais, via internet. Como controlar estas novas e desconhecidas amizades?
     O estudo de Huffaker & Calvert revela que 70% dos adolescentes da amostra revelaram o seu primeiro nome, 59% deram a sua localização, 61% a informação do contacto e 44% o e-mail. Os autores, citam a este propósito Thornburgh & Lin (2002): "sexual predators can pose a serious threat to minors who are online."
     A Internet dá aos jovens uma sensação falsa de segurança, que os pode levar a entrar em contacto com gente perigosa: pedófilos e predadores sexuais.
     Antes, a personalidade do rapaz ou da rapariga era influenciado pela cultura, amigos, família, namorados, os media, a escola. Embora as influêcias fossem diversas, os pais/ professores sentiam que tinham a situação um pouco mais controlada, embora tivessem consciência dos perigos iminentes.
     Hoje em dia, a Internet desempenha um papel dominante na construção da identidade do adolescente, na aprendizagem sobre eles mesmos, abrindo portas para novas descobertas, para novas amizades, permitindo-lhes fazer experiências com a sua própria identidade, num mundo virtual, ao qual os pais e professores dificilmente têm acesso.
     Por outro lado, reconheço também que o acesso à Internet é fundamental para os jovens da actualidade, já que eles encaram a vida online como uma estratégia para sobreviver no séc. XXI.
     Reconheço também que é uma excelente oportunidade para ajudar os jovens a definir a sua própria identidade: ao tirarem exemplos uns dos outros, assumindo diferentes perspectivas, personalidades, é-lhes permitido experimentar diferentes facetas do que eles virão a ser ( Harter, 1998).(1)
     Outra vantagem é a flexibilidade da internet: enquanto os constrangimentos físicos, sexuais, raça, idade têm uma profunda influência na definição do carácter e na auto-apresentação em tempo real, muitos destes atributos tornam-se flexíveis nos ambientes online, já que num mundo virtual o adolescente ultrapassa facilmente o obstáculo da timidez, pode até construir o seu próprio corpo, uma identidade virtual, assumir uma outra personalidade. Este poder confere-lhes capacidades de autonomia, desembaraço, capacidade de se expressar mais livremente, de forma mais autónoma: “While physical constraints such as the body, biological sex, race, or age can have a profound effect on self-definition and self-presentation (Collins & Kuczaj, 1991), many of these attributes become flexible in online environments. In a virtual world, one even gets to construct one's body. The anonymity afforded to youth within virtual worlds allows adolescents more flexibility in exploring their identity through their language, their role play, and the personae they assume (Calvert, 2002)”. (2)
     A Geração Net tem de facto uma facilidade inata no uso dos recursos da internet: sabem aceder à informação de uma forma mais rápida, pensam e processam a informação de forma diferente, relacionam-se com as pessoas e com o quotidiano de forma diferente.
     A internet é a grande motivação dos jovens, cabe-nos a nós, pais/ professores, tentar aprender com eles e orientá-los no bom caminho, fazendo-os aperceberem-se dos perigos.

Bibliografia complementar / ver tb:
Lapa, Tiago e Araújo, Vera (2008). EGeneration: Os usos de media pelas crianças e
jovens em Portugal. Acedido em http://obercom.pt/.

Reflexão:
     Através desta actividade, apercebi-me que a atracção dos jovens pelo que vulgarmente se designa o computador (programas e aplicações informáticas, Net…) é motivada por algo mais do que a simples interactividade que a máquina proporciona. A variedade e multiplicidade de informação e tarefas simultâneas que este recurso oferece, cativam os adolescentes, naturalmente propensos à dispersão! Por outro lado, em muitos programas (blogues, sítios), de que são exemplo as redes sociais (Facebook, etc) os jovens apercebem-se dos diversos valores em relação aos quais devem fazer as suas escolhas – bons e maus, tal e qual como na sociedade real. O fascínio pode consistir ainda, para os adolescentes em crise ou mais inibidos, na discrição e “disfarce” que o mundo virtual lhes proporciona…
     O debate permitiu-me constatar a diferença que separa a maioria dos nossos alunos dos verdadeiros nativos digitais, descritos pelos autores dos textos analisados e ainda alertou para os perigos e vantagens da Net junto dos adolescentes.

    







Perfil do Estudante Digital

     Esta 1ª actividade teve como finalidade identificar e discutir as características atribuídas ao estudante digital, através da definição do seu perfil.
     Eu e a Helena Sampaio construímos um Powerpoint com base nos textos disponibilizados pela Professora:
Prensky, M. (2004) The Emerging Online Life of the Digital Native: What they do differently because of technology and how they do it. 1-14.
Prensky, M. (2001) Digital natives, digital immigrants. In On The Horizon (Vol9, nº 5). NCB University Press.

 
     Da discussão que se seguiu em Fórum sobre os trabalhos apresentados, transcrevo as intervenções do Nuno (por ter contribuído para clarificar o conceito de nativo digital) e da Julieta por apresentar uma boa síntese de todas as intervenções.

Os nativos digitais existem em Portugal?
     Sim, mas não estado puro. A cultura digital é tanto mais forte quanto for a integração na sociedade em rede. Podemos falar da crescente utilização da Internet e das redes electrónicas, citando 2 exemplos: os concursos profissionais e as declarações electrónicas. Estas utilizações não se enquadram no perfil do Nativo Digital, correspondendo a uma utilização instrumental destas redes.
Os nossos alunos nascem num ambiente favorável à difusão da cultura digital, mas o acesso à rede é desigual e, muitas vezes, descontínuo, gerando formas imperfeitas de Nativos Digitais: não são nativos analógicos, nem desenvolvem todas as suas capacidades de nativos digitais. Registam comportamentos massivos relativamente à partilha e interacção em linha, mas não tem, de forma permanente, oportunidade de desenvolver estas acções.
Os processos de pesquisa, análise e coordenação são limitados pelos diferentes níveis acesso às redes electrónicas, a televisão ocupa, muitas vezes, este espaço sem desenvolver as capacidades criativas das comunidades com menores níveis de acessibilidade.
A leitura, entendida como capacidade de interpretar, é importante, os estudantes/nativos digitais que desenvolveram competências leitoras dentro e fora do ambiente digital integram-se mais facilmente nesta cultura, pois a sua capacidade de criação, avaliação e coordenação de projectos pode ser potenciada.
Esta competência facilita a construção de conhecimento através da informação que é gerada à escala global.
Nuno Almeida
    
     Sobre as diferenças entre nativos e imigrantes digitais:
http://www.pewinternet.org/Reports/2009/Generations-Online-in-2009.aspx?r=1

Reflexão:    
     A maior dificuldade que senti decorreu do facto dos dois textos recomendados estarem escritos em inglês o que implicou mais tempo de estudo. Como desconhecia literatura sobre o assunto, a informação recolhida revelou-se extremamente actual e permitiu-me analisar os alunos utilizadores da minha BE, à luz do conceito de "nativos digitais". Por outro lado, no final do fórum ficou clara a diferença entre "nativos" e "imigrantes digitais".